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A Pele



A dúvida da eternidade e o desejo da sua existência me instigam a pensar sobre quem somos, sobre o que estamos fazendo e o que faremos aqui, pois não há dúvida sobre o mistério “deste lugar” onde atualmente nos encontramos.


Sabemos que o caráter primitivo indica a produção dos seres pela terra. Então como esquecer que a Terra é a substância universal, é a matriz que concebe as fontes, os minerais, os metais?


Que é a mãe que alimenta permitindo-nos viver de sua vegetação?


Das inefáveis árvores simbióticas, cosmo vivo em perpétua regeneração?


Antagonicamente devastações, queimadas de florestas e o vigor do planeta vivo pontuam cicatrizes abertas de um planeta submetido e que também viceralmente submete-nos… mas tem um preço, precisa dos mortos (eterna transformação) para alimentar a si mesmo… tira-lhe o alimento, ele se negará a provê-lo e para nosso infortúnio sua casca endurecida e craquelada será a herança para os próximos séculos.


Nessa exposição eu pontuo “A PELE” como uma reverência à vida. A pele do corpo e a pele do planeta, essas geologias coloco-as como análogas, tanto uma quanto outra carecem de cuidados, de respeito!


Expô-las, estudá-las, compará-las, mimetizá-las permite compreensões… Qual a diferença da pele que nos circunda e a pele da terra que pisamos? A meu ver, o tamanho, o espaço-tempo, ambas circundam, ambas protegem, ambas estão vivas!

Na minha pele percebo de imediato o trato ou mau trato que a exponho: o Sol em excesso ou o carinho de um afeto.


Vejo a resposta porque enxergo num olhar; sinto porque sou feita de centro, de núcleo.

Percebo a pele da terra do mesmo jeito porque ela também reage… a diferença está no tempo em que percebo sua interação.


A pele do corpo e a pele do planeta são muito parecidas – têm estruturas orgânicas, químicas, espaços, ramificações: fundem-se, complementam-se, brotam-se e se fazem pó!

Neste aspecto, pretendo destacar principalmente o sagrado, apresentando como simulacro, de forma metafórica e também real a pele que nos circunda e a pele do manto terrestre que pisamos…


E como num chamado, artistas de vários segmentos da Arte tangem com interferências a exposição em cinco dos nove espaços: “A Pele”, “Os Quatro Apocalípticos”, “Floresta”, “Catarses” e “Piso” pontuando a reflexão pungente sobre a existência.


Pois como num recanto secreto o conceito da exposição é o de instigar e suscitar no outro questionamentos sobre a mágica da vida.


Assim, a arte entra em cena para registrar o seu tempo de uma forma difusa, simples e sincera.


Albertina Prates



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